quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Mensagem do Nosso Bispo*

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Mensagem de Natal 2012

Dom Salvador Paruzzo

Irmãos e Irmãs

Natal é tempo de ação de graças a Deus. 

Agradecer a Deus pelos favores e bênçãos recebidos, que são manifestações de seu infinito amor para conosco; e de gratidão também à Virgem Maria, mãe de Deus e nossa mãe, por sua constante proteção durante o ano de 2012.

Natal é tempo de ternura. Ao contemplar José, Maria e seu filho Jesus, na manjedoura, nós sentimos a ternura palpável de Deus que se torna frágil e pobre, para partilhar a nossa vida e nos trazer a salvação. 

Natal é tempo de alegria; porque Jesus veio nos fazer todos filhos de Deus e Nele, irmãos e irmãs uns dos outros. Ele vem nos libertar do pecado e da morte e garantir-nos a Ressurreição. Veio nos tirar do desespero de uma vida sem sentido para nos despertar ao verdadeiro sentido da vida, que é dom de Deus e só tem valor se fizermos dela um serviço a Deus e a nossos irmãos, sobretudo os mais pobres.

Natal é tempo de Esperança. Apesar das dificuldades que temos que enfrentar, da violência e outros males, que nos afligem, o Natal, sempre oferece esperança, ternura, alegria que brotam do nascimento de Jesus.

Natal é festa da família. A casa dos pais se torna o lugar de encontro para os filhos, os netos, todos os parentes. A família partilha alegrias e sofrimentos, reza e canta junto ao presepe, coloca em comum os alimentos, oferece presentes para todos, festeja a presença de Deus que é amor, presente onde dois ou três estão unidos em seu nome.

Natal é festa da Igreja. As famílias confraternizam depois de participar á Novena do Natal. Presepe, enfeites, sinos, flores, músicas e cânticos. O povo cristão se encontra com Jesus nas celebrações do Perdão, da Eucaristia, da Palavra, no atendimento aos enfermos, idosos, presos, drogados, andarilhos, marginalizados.

Proveito esta oportunidade para desejar a todos um Feliz e Santo Natal, com muitas bênçãos de Deus, com a proteção de Nossa Senhora, e um Ano Novo também muito abençoado, no qual todos possam realizar seus anseios, seus desejos mais profundos do coração.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Bispos do Brasil enviam mensagens de Natal aos fiéis

CNBB
Bispos de várias partes do país dirigem uma mensagem sobre o Natal e renovam os desejos de um ano novo abençoado aos brasileiros. Confira algumas iniciativas natalinas e trechos de artigos, mensagens e cartões assinados por arcebispos e bispos que estão no pastoreiro de várias capitais, como também de bispos auxiliares e eméritos.

Belém (PA)
“Jesus, Menino prometido durante séculos, esperança do povo, dos pobres e dos pequenos, Menino Deus, aqui estou para me entreter contigo, trazendo os sonhos de nosso tempo e de toda a história, para louvar-te, agradecer-te, pedir-te perdão e apresentar-te muitas súplicas. É que pela tua graça, ouço muita gente que, confiante nas orações de uma pessoa consagrada a ti, me faz portador de seus problemas e de suas alegrias. E tu sabes o quanto minha vida é sustentada justamente pela oração do povo maravilhoso que me foi confiado pela Igreja. Peço-te licença para entrar na casa de teu coração, pois quero ser como os pastores que foram a Belém para conferir os acontecimentos, ou como os magos, vindos de longe, trazendo esperanças” (trecho da mensagem do arcebispo de Belém, dom Alberto Taveira).

Macapá (AP)
“Neste Natal, ofereçamos como dom aos nossos amigos verdadeiros o testemunho simples e singelo da nossa fé. Nem precisa colocar o nosso nome no embrulho do presente, serão suficientes o nosso sorriso e o nosso abraço. Pensando bem, não vai ter embrulho, bastará desejar a todos um Feliz Natal... de Jesus e oferecer-lhes a coerência luminosa de nossa vida cristã” (trecho de artigo de dom Pedro Jose Conti, bispo de Macapá).

São Luis (MA)
“Que a Virgem de Nazaré, Senhora da Vitória, continue apontando a direção por onde devemos seguir. Elevemos o nosso olhar para a imensidão azul do nosso céu e sobre o verde das nossas matas e reencontrando aquele olhar de esperança dos primeiros habitantes, ousemos acreditar que o Natal pode ser tempo de uma nova esperança. Como eles, também nós, não estamos passando por tribulações e incertezas? Assim unidos de coração, lutemos por mais solidariedade, mais justiça, mais respeito ao direito de cada um, mas sem esquecer que temos deveres. E o principal destes deveres é trabalhar por um mundo mais fraterno, mais humano. Que o Natal nos permita recuperar a capacidade de amar e de gerar paz” (trecho da mensagem de dom José Carlos Chacorowski, bispo auxiliar de São Luis).

Natal (RN)
“Exorto a todos a viverem o Natal neste Ano da Fé, com o desejo renovado de um crescimento na fé, acolhimento de Deus e entrega de nossa vida a Ele. De fato, pela fé somos feitos participantes de toda a sua vida e toda a sua missão. Eis o que nos alegra. Que a alegria do Natal que se aproxima nos fortaleça na nossa experiência de fé, pois “conhecer Jesus pela fé é a nossa alegria, segui-lo é uma graça e transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor, ao nos chamar e nos eleger, nos confia” (trecho de artigo de dom Jaime Vieira Rocha, arcebispo de Natal).

Olinda e Recife (PE)
“No Natal, Deus chama a todos nós a ser humanos como Jesus. Esse é o caminho para cada um de nós e também para a Igreja como comunidade de discípulos do Senhor. A missão primeira é viver o seguimento de Jesus. Na casa do centurião Cornélio, o apóstolo Pedro resumiu assim a missão de Jesus: “Jesus de Nazaré foi o homem consagrado (ungido) por Deus com o Espírito Santo e com poder. Ele andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos, porque Deus estava com Ele” (At 10, 38). Se a missão de Jesus foi essa; como Igreja, a nossa não pode ser outra: abrir-nos ao Espírito de Deus que nos preenche. Ser cheios do Espírito é a dimensão primordial da fé. Ser cheios do Espírito tem como primeiro sinal fazer o bem e cuidar dos que sofrem. É a dimensão profética e social da fé, essencial e indispensável à missão da arquidiocese. Esse cuidado com os mais pobres é o sinal mais visível e claro da presença e da atuação de Deus em nós. O Natal nos convida a viver isso não como trabalho ocasional, mas como missão que toma a vida inteira e condiciona nosso modo de ser” (trecho de artigo de dom Antonio Fernando Saburido, arcebispo de Olinda e Recife).

Belo Horizonte (MG)
“Jesus deve ser e estar no centro do Natal, sem prescindir de tantas outras coisas que compõem e dão graça especial a este tempo. Vale recuperar e investir na armação de presépios, nas casas, nas igrejas e nos lugares públicos. Uma oportunidade para os pais exercerem a catequese dos filhos, reavivando no próprio coração as lições insubstituíveis aprendidas com Cristo. Assim, o tempo do Natal, respeitando seu genuíno sentido, torna-se época especial de aproximação. Passa-se a viver um encontro que transforma corações e superam-se descompassos como a corrupção, a mesquinhez de ter só para si. O presépio ajuda a dar estatura a quem só tem tamanho, fazendo brotar a sabedoria emoldurada por serenidade, um presente para quem contempla esse sinal e aprende o sentido de sua lição” (trecho de artigo de dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte).

Rio de Janeiro (RJ)
“Ao celebrarmos o Natal, a ‘festa cristã’, não estamos apenas recordando um fato passado, mas sim atualizando para hoje essa realidade. Ao recordarmos que Jesus Cristo nasceu historicamente e que Ele virá um dia escatologicamente, queremos aprofundar o nosso encontro com Ele no tempo que se chama hoje. Ele, que é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, tornou-se a nossa “ponte” de encontro. Ele é o Pontífice que nos leva a caminhar para a união com a Trindade, e nos traz a vontade de Deus para que vivamos segundo os planos do Pai. Por isso, o tempo do Advento que acabamos de celebrar foi a oportunidade de purificarmos o nosso coração e a nossa mente para que o Natal seja realmente uma festa cristã” (trecho de artigo de dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro).

Florianópolis (SC)
"Os cristãos são chamados a fazer brilhar, com sua própria vida no mundo, a Palavra da Verdade que o Senhor Jesus nos deixou” (Bento XVI — para o Ano da Fé). Desejamos que em 2013, sejas luz de Cristo a brilhar nos corações dos que contigo partilharem os dias que o Senhor lhe conceder! Feliz Natal e Abençoado 2013!”(Mensagem de Natal de dom Wilson Tadeu Jonck, arcebispo de Florianópolis).

São Paulo (SP)
“Pedimos que Deus nos livre de ficar indiferentes e descrentes diante do Sublime Mistério, como tantos ficaram já naquele tempo! E se fecharam à novidade surpreendente de Deus e nada aproveitaram do dom de amor que Deus enviou do céu à humanidade! Hoje, “Belém é aqui, aqui é Natal!”. Deus é continuamente o “Deus-que-vem” ao nosso encontro, de formas surpreendentes! Diante dele, nós acabamos tomando as mesmas atitudes dos personagens do primeiro Natal. Cabe a nós, acolher ou fechar as portas... Se temos fé, devemos fazer como os pastores de Belém, que ficaram fascinados com tudo o que viram e ouviram e saíram a contar aos outros. Nós somos as testemunhas de Deus na cidade! Faço votos que todos tenham um santo Natal! Natal feliz é Natal com fé. Assim poderemos alegrar-nos verdadeiramente e sentir a paz que o Menino Jesus nos trouxe” (trecho de artigo do Cardeal dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo).

Brasília (DF)
“O coração e os braços que se abrem, em prece, para acolher o amor de Deus, neste Natal,  se estendam fraternalmente a todos. Que a vida Nova que Jesus nos traz, se prolongue ao longo do  Novo Ano. Feliz Natal, com o presente mais precioso que Deus mesmo nos oferece: o nascimento de Jesus! Feliz Ano Novo, com as bênçãos do Menino Deus, trazendo-nos esperança e paz!”(Mensagem de dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília).

Salvador (BA)
“O Natal nos ensina que há duas maneiras diferentes de manifestarmos nosso amor. A primeira é dando presentes. Foi assim que Deus expressou seu carinho na criação: deu-nos o sol, as flores e o ar; a lua, a água e as sementes. A outra maneira é mais difícil: trata-se de sofre pela pessoa amada. Foi como o enviado do Pai nos amou na encarnação: ‘Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens’ (Fp 2,6-7)”(trecho de artigo de dom Murilo Sebastião Krieger, arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil).

Porto Alegre (RS)
“Festejamos a grande festa que é o Natal, motivo de muita alegria. Cada um de nós tem fé e cremos em alguém que veio até nós para estar conosco e transmitir paz, alegria e muita fraternidade. Então nós nos abraçamos neste dia e dizemos: Vale a pena sermos cristãos! Queremos irradiar essa nossa fé para os outros e que todos vejam a nossa alegria e se convençam de que estamos no caminho certo e temos os dons de Deus para serem vivenciados e retransmitidos. Que Deus abençoe a cada um e dê a todos a alegria do Natal” (Mensagem de Natal de Dom Dadeus Grings, Arcebispo de Porto Alegre).

Campo Grande (MS)
“’Porque Deus amou tanto o mundo que mandou o seu próprio filho, não para condenar o mundo, mas para que fosse salvo por ele’. Meu irmão, minha irmã, é com grande alegria que eu venho desejar a cada um dos nossos queridos diocesanos, de nossas famílias, um santo Natal e um feliz Ano Novo, cheio das bênçãos de Deus” (Mensagem de Natal de Dom Dimas Lara Barbosa, arcebispo de Campo Grande).

Manaus (AM)
A Campanha Natal Sem Fome tem como objetivo fazer um Natal mais Fraterno e Solidário onde as famílias todas, tenham um Natal mais feliz  na partilha de alimentos, principalmente. Todas as comunidades católicas são postos de arrecadação e cada Paróquia e Área Missionária deve ter um cadastro das famílias que mais necessitam dessa ação solidária. “A intenção não é as famílias necessitadas irem procurar os alimentos nas igrejas, mas sim a Igreja ir até essas famílias não somente num gesto de compaixão, mas principalmente num espírito Solidário, pois todos somos irmão. É bom ressaltar que este gesto não fazemos só para os católicos, fazemos para todos, pois ser católico é ser universal, é ser para todos”, disse Dom Luiz Soares Vieira, arcebispo emérito de Manaus.

Íntegra da Mensagem de Natal do Papa

Boletim da Santa Sé
Mensagem do Santo Padre e Benção Urbi et Orbi
Terça-feira, 25 de dezembro de 2012



«Veritas de terra orta est! – 

A verdade germinou da terra» (Sal 85, 12).
Amados irmãos e irmãs de Roma e do mundo inteiro, boas-festas de Natal para todos vós e vossas famílias!

Os meus votos de Natal, neste Ano da Fé, exprimo-os com as palavras seguintes, tiradas de um Salmo: «A verdade germinou da terra». Realmente, no texto do Salmo, a frase está no futuro: «A verdade germinará da terra»: é um anúncio, uma promessa, acompanhada por outras expressões que, juntas, ecoam assim: «O amor e a verdade vão encontrar-se. / Vão beijar-se a justiça e a paz. / A verdade germinará da terra / e a justiça descerá do céu. / O próprio Senhor nos dará os seus bens / e a nossa terra produzirá os seus frutos. / A justiça caminhará diante dele / e a paz, no rasto dos seus pés» (Sal 85, 11-14).

Hoje cumpriu-se esta palavra profética! Em Jesus, nascido da Virgem Maria em Belém, - encontram-se realmente o amor e a verdade, beijaram-se a justiça e a paz; a verdade germinou da terra e a justiça desceu do céu. Com feliz concisão, explica Santo Agostinho: «Que é a verdade? O Filho de Deus. Que é a terra? A carne. Interroga-te donde nasceu Cristo, e vê por que a verdade germinou da terra; (...) a verdade nasceu da Virgem Maria» (En. in Ps. 84, 13). E, num sermão do Natal, afirma: «Assim, com esta festa que acontece cada ano, celebramos o dia em que se cumpriu a profecia: "A verdade germinou da terra e a justiça desceu do céu". A Verdade, que está no seio do Pai, germinou da terra, para estar também no seio de uma mãe. A Verdade que segura o mundo inteiro germinou da terra, para ser segurado pelas mãos de uma mulher. (...) A Verdade, que o céu não consegue conter, germinou da terra, para se reclinar numa manjedoura. Para benefício de quem Se fez assim humilde um Deus tão sublime? Certamente sem nenhum benefício para Ele mesmo, mas com grande proveito para nós, se acreditarmos» (Sermones 185, 1).

«Se acreditarmos…». Que grande poder tem a fé! Deus fez tudo, fez o impossível: fez-Se carne. A sua amorosa omnipotência realizou algo que ultrapassa a compreensão humana: o Infinito tornou-se menino, entrou na humanidade. E, no entanto, este mesmo Deus não pode entrar no meu coração, se não abro eu a porta. Porta fidei! A porta da fé! Poderíamos ficar assustados com a possibilidade desta nossa omnipotência invertida; este poder que o homem tem de se fechar a Deus, pode meter-nos medo. Mas, eis a realidade que afugenta este pensamento tenebroso, a esperança que vence o medo: a verdade germinou! Deus nasceu! «A terra produziu o seu fruto» (Sal 67, 7). Sim! Há uma terra boa, uma terra saudável, livre de todo o egoísmo e entrincheiramento. Há, no mundo, uma terra que Deus preparou para vir habitar no meio de nós; uma morada, para a sua presença no mundo. Esta terra existe; e também hoje, no ano de 2012, desta terra germinou a verdade! Por isso, há esperança no mundo, uma esperança fidedigna, mesmo nos momentos e situações mais difíceis. A verdade germinou, trazendo amor, justiça e paz.

Sim, que a paz germine para o povo da Síria, profundamente ferido e dividido por um conflito que não poupa sequer os inermes, ceifando vítimas inocentes. Uma vez mais faço apelo para que cesse o derramamento de sangue, se facilite o socorro aos prófugos e deslocados e se procure, através do diálogo, uma solução para o conflito.
A paz germine na Terra onde nasceu o Redentor; que Ele dê aos Israelitas e Palestinianos a coragem de por termo a tantos, demasiados, anos de lutas e divisões e empreender, com decisão, o caminho das negociações.
Nos países do norte de África, em profunda transição à procura de um novo futuro – nomeadamente o Egipto, terra amada e abençoada pela infância de Jesus –, que os cidadãos construam, juntos, sociedades baseadas na justiça, no respeito da liberdade e da dignidade de cada pessoa.

A paz germine no vasto continente asiático. Jesus Menino olhe com benevolência para os numerosos povos que habitam naquelas terras e, de modo especial, para quantos crêem n’Ele. Que o Rei da Paz pouse o seu olhar também sobre os novos dirigentes da República Popular da China pela alta tarefa que os aguarda. Espero que, no desempenho da mesma, se valorize o contributo das religiões, no respeito de cada uma delas, de modo que as mesmas possam contribuir para a construção duma sociedade solidária, para beneficio daquele nobre povo e do mundo inteiro.

Que o Natal de Cristo favoreça o retorno da paz ao Mali e da concórdia à Nigéria, onde horrendos atentados terroristas continuam a ceifar vítimas, nomeadamente entre os cristãos. O Redentor proporcione auxílio e conforto aos prófugos do leste da República Democrática do Congo e conceda paz ao Quénia, onde sangrentos atentados se abateram sobre a população civil e os lugares de culto.

Jesus Menino abençoe os inúmeros fiéis que O celebram na América Latina. Faça crescer as suas virtudes humanas e cristãs, sustente quanto se vêem obrigados a emigrar para longe da própria família e da sua terra, revigore os governantes no seu empenho pelo desenvolvimento e na luta contra a criminalidade.

Amados irmãos e irmãs! Amor e verdade, justiça e paz encontraram-se, encarnaram no homem nascido de Maria, em Belém. Aquele homem é o Filho de Deus, é Deus que apareceu na história. O seu nascimento é um rebento de vida nova para toda a humanidade. Possa cada terra tornar-se uma terra boa, que acolhe e faz germinar o amor, a verdade, a justiça e a paz. Bom Natal para todos!



Íntegra da homilia de Bento XVI na Missa do Galo - 24/12/2012

Rádio Vaticano

"Amados irmãos e irmãs!
A beleza deste Evangelho não cessa de tocar o nosso coração: uma beleza que é esplendor da verdade. Não cessa de nos comover o facto de Deus Se ter feito menino, para que nós pudéssemos amá-Lo, para que ousássemos amá-Lo, e, como menino, Se coloca confiadamente nas nossas mãos. Como se dissesse: Sei que o meu esplendor te assusta, que à vista da minha grandeza procuras impor-te a ti mesmo. Por isso venho a ti como menino, para que Me possas acolher e amar.
Sempre de novo me toca também a palavra do evangelista, dita quase de fugida, segundo a qual não havia lugar para eles na hospedaria. Inevitavelmente se põe a questão de saber como reagiria eu, se Maria e José batessem à minha porta. Haveria lugar para eles? E recordamos então que esta notícia, aparentemente casual, da falta de lugar na hospedaria que obriga a Sagrada Família a ir para o estábulo, foi aprofundada e referida na sua essência pelo evangelista João nestes termos: «Veio para o que era Seu, e os Seus não O acolheram» (Jo 1, 11).
Deste modo, a grande questão moral sobre o modo como nos comportamos com os prófugos, os refugiados, os imigrantes ganha um sentido ainda mais fundamental: Temos verdadeiramente lugar para Deus, quando Ele tenta entrar em nós? Temos tempo e espaço para Ele? Porventura não é ao próprio Deus que rejeitamos? Isto começa pelo facto de não termos tempo para Ele. Quanto mais rapidamente nos podemos mover, quanto mais eficazes se tornam os meios que nos fazem poupar tempo, tanto menos tempo temos disponível.
E Deus? O que diz respeito a Ele nunca parece uma questão urgente. O nosso tempo já está completamente preenchido. Mas vejamos o caso ainda mais em profundidade. Deus tem verdadeiramente um lugar no nosso pensamento? A metodologia do nosso pensamento está configurada de modo que, no fundo, Ele não deva existir. Mesmo quando parece bater à porta do nosso pensamento, temos de arranjar qualquer raciocínio para O afastar; o pensamento, para ser considerado «sério», deve ser configurado de modo que a «hipótese Deus» se torne supérflua. E também nos nossos sentimentos e vontade não há espaço para Ele. Queremo-nos a nós mesmos, queremos as coisas que se conseguem tocar, a felicidade que se pode experimentar, o sucesso dos nossos projectos pessoais e das nossas intenções. Estamos completamente «cheios» de nós mesmos, de tal modo que não resta qualquer espaço para Deus. E por isso não há espaço sequer para os outros, para as crianças, para os pobres, para os estrangeiros.
A partir duma frase simples como esta sobre o lugar inexistente na hospedaria, podemos dar-nos conta da grande necessidade que há desta exortação de São Paulo: «Transformai-vos pela renovação da vossa mente» (Rm 12, 2). Paulo fala da renovação, da abertura do nosso intelecto (nous); fala, em geral, do modo como vemos o mundo e a nós mesmos. A conversão, de que temos necessidade, deve chegar verdadeiramente até às profundezas da nossa relação com a realidade. Peçamos ao Senhor para que nos tornemos vigilantes quanto à sua presença, para que ouçamos como Ele bate, de modo suave mas insistente, à porta do nosso ser e da nossa vontade. Peçamos para que se crie, no nosso íntimo, um espaço para Ele e possamos, deste modo, reconhecê-Lo também naqueles sob cujas vestes vem ter connosco: nas crianças, nos doentes e abandonados, nos marginalizados e pobres deste mundo.
Na narração do Natal, há ainda outro ponto que gostava de reflectir juntamente convosco: o hino de louvor que os anjos juntam à sua mensagem acerca do entoam depois de anunciar o Salvador recém-nascido: «Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens do seu agrado». Deus é glorioso. Deus é pura luz, esplendor da verdade e do amor. Ele é bom. É o verdadeiro bem, o bem por excelência. Os anjos que O rodeiam transmitem, primeiro, a pura e simples alegria pela percepção da glória de Deus. O seu canto é uma irradiação da alegria que os inunda. Nas suas palavras, sentimos, por assim dizer, algo dos sons melodiosos do céu. No canto, não está subjacente qualquer pergunta sobre a finalidade; há simplesmente o facto de transbordarem da felicidade que deriva da percepção do puro esplendor da verdade e do amor de Deus. Queremos deixar-nos tocar por esta alegria: existe a verdade; existe a pura bondade; existe a luz pura.
Deus é bom; Ele é o poder supremo que está acima de todos os poderes. Nesta noite, deveremos simplesmente alegrar-nos por este facto, juntamente com os anjos e os pastores.
E, com a glória de Deus nas alturas, está relacionada a paz na terra entre os homens. Onde não se dá glória a Deus, onde Ele é esquecido ou até mesmo negado, também não há paz. Hoje, porém, há correntes generalizadas de pensamento que afirmam o contrário: as religiões, mormente o monoteísmo, seriam a causa da violência e das guerras no mundo; primeiro seria preciso libertar a humanidade das religiões, para se criar então a paz; o monoteísmo, a fé no único Deus, seria prepotência, causa de intolerância, porque pretenderia, fundamentado na sua própria natureza, impor-se a todos com a pretensão da verdade única.
É verdade que, na história, o monoteísmo serviu de pretexto para a intolerância e a violência. É verdade que uma religião pode adoecer e chegar a contrapor-se à sua natureza mais profunda, quando o homem pensa que deve ele mesmo deitar mão à causa de Deus, fazendo assim de Deus uma sua propriedade privada. Contra estas deturpações do sagrado, devemos estar vigilantes. Se é incontestável algum mau uso da religião na história, não é verdade que o «não» a Deus restabeleceria a paz. Se a luz de Deus se apaga, apaga-se também a dignidade divina do homem. Então, este deixa de ser a imagem de Deus, que devemos honrar em todos e cada um, no fraco, no estrangeiro, no pobre. Então deixamos de ser, todos, irmãos e irmãs, filhos do único Pai que, a partir do Pai, se encontram interligados uns aos outros.
Os tipos de violência arrogante que aparecem então com o homem a desprezar e a esmagar o homem, vimo-los, em toda a sua crueldade, no século passado. Só quando a luz de Deus brilha sobre o homem e no homem, só quando cada homem é querido, conhecido e amado por Deus, só então, por mais miserável que seja a sua situação, a sua dignidade é inviolável. Na Noite Santa, o próprio Deus Se fez homem, como anunciara o profeta Isaías: o menino nascido aqui é «Emmanuel – Deus-connosco» (cf. Is 7, 14). E verdadeiramente, no decurso de todos estes séculos, não houve apenas casos de mau uso da religião; mas, da fé no Deus que Se fez homem, nunca cessou de brotar forças de reconciliação e magnanimidade. Na escuridão do pecado e da violência, esta fé fez entrar um raio luminoso de paz e bondade que continua a brilhar.
Assim, Cristo é a nossa paz e anunciou a paz àqueles que estavam longe e àqueles que estavam perto (cf. Ef 2, 14.17). Quanto não deveremos nós suplicar-Lhe nesta hora! Sim, Senhor, anunciai a paz também hoje a nós, tanto aos que estão longe como aos que estão perto. Fazei que também hoje das espadas se forjem foices (cf. Is 2, 4), que, em vez dos armamentos para a guerra, apareçam ajudas para os enfermos. Iluminai a quantos acreditam que devem praticar violência em vosso nome, para que aprendam a compreender o absurdo da violência e a reconhecer o vosso verdadeiro rosto. Ajudai a tornarmo-nos homens «do vosso agrado»: homens segundo a vossa imagem e, por conseguinte, homens de paz.
Logo que os anjos se afastaram, os pastores disseram uns para os outros: Coragem! Vamos até lá, a Belém, e vejamos esta palavra que nos foi mandada (cf. Lc 2, 15). Os pastores puseram-se apressadamente a caminho para Belém – diz-nos o evangelista (cf. 2, 16). Uma curiosidade santa os impelia, desejosos de verem numa manjedoura este menino, de quem o anjo tinha dito que era o Salvador, o Messias, o Senhor. A grande alegria, de que o próprio anjo falara, apoderara-se dos seus corações e dava-lhes asas.
Vamos até lá, a Belém: diz-nos hoje a liturgia da Igreja. Trans-eamus – lê-se na Bíblia latina – «atravessar», ir até lá, ousar o passo que vai mais além, que faz a «travessia», saindo dos nossos hábitos de pensamento e de vida e ultrapassando o mundo meramente material para chegarmos ao essencial, ao além, rumo àquele Deus que, por sua vez, viera ao lado de cá, para nós. Queremos pedir ao Senhor que nos dê a capacidade de ultrapassar os nossos limites, o nosso mundo; que nos ajude a encontrá-Lo, sobretudo no momento em que Ele mesmo, na Santa Eucaristia, Se coloca nas nossas mãos e no nosso coração.
Vamos até lá, a Belém! Ao dizermos estas palavras uns aos outros, como fizeram os pastores, não devemos pensar apenas na grande travessia até junto do Deus vivo, mas também na cidade concreta de Belém, em todos os lugares onde o Senhor viveu, trabalhou e sofreu. Rezemos nesta hora pelas pessoas que actualmente vivem e sofrem lá. Rezemos para que lá haja paz.

Rezemos para que Israelitas e Palestinianos possam conduzir a sua vida na paz do único Deus e na liberdade. Peçamos também pelos países vizinhos – o Líbano, a Síria, o Iraque, etc. – para que lá se consolide a paz. Que os cristãos possam conservar a sua casa naqueles países onde teve origem a nossa fé; que cristãos e muçulmanos construam, juntos, os seus países na paz de Deus.
Os pastores apressaram-se… Uma curiosidade santa e uma santa alegria os impelia. No nosso caso, talvez aconteça muito raramente que nos apressemos pelas coisas de Deus. Hoje, Deus não faz parte das realidades urgentes. As coisas de Deus – assim o pensamos e dizemos – podem esperar. E todavia Ele é a realidade mais importante, o Único que, em última análise, é verdadeiramente importante. Por que motivo não deveríamos também nós ser tomados pela curiosidade de ver mais de perto e conhecer o que Deus nos disse? Supliquemos-Lhe para que a curiosidade santa e a santa alegria dos pastores nos toquem nesta hora também a nós e assim vamos com alegria até lá, a Belém, para o Senhor que hoje vem de novo para nós. Amen.