O Santo sustém a Igreja Católica
Para obter a aprovação de sua incipiente Ordem, Francisco dirigiu-se a Roma. E o Senhor era com ele, pois, pouco antes de chegar, e para preparar-lhe o terreno, “o Pontífice Romano viu em sonho a basílica de Latrão, prestes a ruir; mas um pobrezinho, homem pequeno e de aspecto miserável, sustentava-a com seus ombros, impedindo que ruísse” 10. Quando o Sumo Pontífice viu em sua presença o Poverello de Assis, reconheceu-o, abraçou-o, e disse a ele e a seus companheiros: “Irmãos, ide com Deus e pregai a penitência, segundo vos será inspirada. Quando tiverdes crescido em número e o Senhor aumentado suas graças a vosso favor, tornai a nós, que vos concederemos o que desejardes e ainda mais” 11.
Munidos dessa aprovação pontifícia, os novos religiosos saíram para pregar, em duplas, percorrendo as cidades da região e mostrando aos seus habitantes, pela palavra e pelo exemplo, o caminho da salvação.
Espírito e força de Elias
Certa noite os frades viram um carro de fogo de um esplendor maravilhoso, com um globo brilhante, parecido com o sol, entrar pelo aposento em que estavam, dando três voltas no recinto. Compreenderam que Deus quisera mostrar-lhes, por aquela figura, “que seu pai Francisco viera ‘no espírito e na força de Elias’. Desde então [Francisco] penetrava os segredos de seus corações, predizia o futuro e realizava milagres. Estava patente para todos que o espírito de Elias, duas vezes mais poderoso, viera habitar nele com tal plenitude, que o mais seguro para todos era seguir sua vida e ensinamentos” 12.
Francisco manifestava seu amor a Deus por uma alegria imensa, que se expressava muitas vezes em cânticos ardorosos. A quem lhe perguntava qual a razão de tal alegria, respondia que “ela deriva da pureza do coração e da constância na oração”.
Essa divina loucura da cruz, que assomou Francisco e lhe angariou muitos discípulos, devia atrair também uma jovem, filha do Conde de Sasso Rosso, Clara, de 17 anos. Desde o momento em que ouviu o Pobrezinho pregar, compreendeu que a vida que ele indicava era a que Deus queria para ela. Francisco tornou-se seu guia e pai espiritual de sua alma.
Como os pais tinham outros planos para Clara, foi preciso que ela fugisse para a igrejinha da Porciúncula, onde Francisco cortou-lhe os cabelos e fê-la vestir um simples hábito. Nascia assim a Ordem Segunda dos Franciscanos, a das Clarissas. Duas semanas depois, Inês, irmã de Clara, a seguia no claustro, e mais tarde uma terceira, Beatriz.
Não desprezar os ricos
Apesar de pregar sobretudo aos pobres e com eles identificar-se, “Francisco tinha o hábito de alertar seus discípulos, exortando-os a não condenar e não desprezar ‘aqueles que viviam na opulência e vestiam com luxo’. Dizia que ‘também esses têm a Deus por senhor, e que Deus pode, quando quer, chamá-los, como aos outros, e torná-los justos e santos’” 13. Um desses nobres deu ao Poverello o Monte Alverne, onde ele receberia a maior graça de sua vida.
Encontro de dois homens providenciais
Em 1217, indo a Roma, Francisco encontrou-se com outro luminar da Igreja da época, Domingos de Gusmão, que também havia fundado uma Ordem religiosa para combater a decadência dos costumes. Os dois santos se abraçaram, estabelecendo uma amizade solidificada pelo amor de Deus.
Pouco depois Francisco recebia em sua Ordem um dos que seriam sua maior glória e se tornaria um dos santos mais populares do mundo, Frei Antônio de Lisboa — mais tarde, também “— de Pádua”.
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